Mas o que é uma dor crônica? Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) a dor crônica é uma dor que persiste após o tempo normal para a cura ou cicatrização à uma agressão sofrida. A classificação mais aceita é a que considera a dor cônica uma dor que dura mais de 3 meses, ou que seja recorrente por mais de 6 meses.
Vários são os fatores que podem contribuir para o aparecimento da dor crônica, incluindo a dor orofacial, tais como: uma dor aguda mal tratada, pré-disposição genética, disfunções do sistema nervoso, traumas, algumas patologias, entre outros.
Distúrbios emocionais também são fatores frequentemente associados a dor crônica, principalmente a depressão. Os distúrbios emocionais não são propriamente a causa da dor, mas estão intimamente relacionados a ela. Podem atuar como um fator desencadeante da dor, ou como um fator que aumenta a intensidade da dor e até mesmo como um fator perpetuante da dor.
Outra característica importante da dor crônica é que ela habitualmente não responde bem aos analgésicos, e antiinflamatórios de uso comum. Isto ocorre porque a dor crônica está associada à sensitização do sistema nervoso central (SNC).
E o que é isso? A sensitização do SNC é um processo muito complexo, cujo os mecanismos ainda não são inteiramente conhecidos. Este fenômeno desencadeia uma série de eventos que culminam em uma hipersensibilidade dos neurônios aos estímulos externos recebidos. Uma pessoa hipersensibilizada tem respostas desprocorcionais e/ou disfuncionais a estímulos externos dolorosos e até mesmo, os não dolorosos (estímulos tais como: luz, som, cheiros, sensibilidade térmica e tátil, etc).
E é aí que atuam os antidepressivos. Algumas classes de antidepressivos possuem a capacidade de modular a dor, ou seja, atuam na hipersensibilidade desenvolvida pelo paciente, modulando a percepção que nosso cérebro tem do estímulo recebido.
Segundo estudo publicado recentemente pela equipe americana da Mayo Clinic “Antidepressivos: outra arma contra dor crônica” estes medicamentos funcionam bem somente para alguns tipos de condições dolorosas crônicas, entre elas, a DOR OROFACIAL.
O uso de antidepressivos no tratamento da dor orofacial não deve ser o tratamento de primeira escolha. Terapias locais e mais conservadoras devem ser priorizadas. Mas, caso estas não sejam efetivas no controle da dor, em especial, nos pacientes onde as emoções estão contribuindo para desencadear ou manter o estado doloroso, o uso de antidepressivo é, sem dúvida, uma excelente opção no controle da dor orofacial crônica.